(Nota "mental" da autora: Essa é uma
tentativa de recomeço. Estou tentando escrever há uma semana e nada sai de mim:
não sei se falta criatividade ou se me tornei rígida demais. Só sei que preciso
continuar fazendo aquilo que me faz bem.)
Existe uma falsa ideia, extremamente enraizada na consciência
coletiva, de que é proibido falhar ou, pior ainda, é proibido falhar e
recomeçar. Vivi em um constante medo da falha e falhei por isso. Veio daí uma parte
muito difícil: o recomeço. Querido amigo, não sei se você é tão triste e
desesperador como é necessário, mas venho escrever-te para delinear a sua
presença, um novo começo.
Hoje mesmo estou passando por um processo de recomeço
muito imediatista: recomecei a escrever textos inacabados, que não saíram do
segundo parágrafo (obviamente a ideia não foi tão bem sucedida). Em outra
perspectiva, em longo prazo, tento recomeçar minha vida acadêmica, passando de
quase jornalista frustrada para uma médica (espero que menos frustrada), mas
esse continua sendo um processo de um novo começo bem doloroso (afinal das
contas, continuo tentando entrar em faculdades públicas). E percebi, depois de
muito observar a minha volta, que esse movimento é comum à todos, em todas as
idades e etapas da vida.
Eu, em minhas longas análises, identifiquei dois tipos
básicos da sua presença, novo começo. Existem os recomeços involuntários, como
é o caso dos nosso dias recomeçam que todo dia: basta colocar a cabeça no
travesseiro para ter aquela ideia de que estamos novos em folha. Mas, como tudo
que é independente da nossa vontade, não nos resta nada além de aceitar e
tentar deixar essas experiências o mais agradáveis possível. O “xis” da questão
é quando a sua tão requisitada presença ocorre de forma voluntária. As vezes,
funcionamos como um quebra cabeças: existe um encaixe perfeito que combina
conosco; no entanto, frequentemente, tentamos nos encaixar em um lugar que não
nos cabe e, por isso, precisamos recomeçar. É mais ou menos como se fossemos um
texto ruim, que vamos apagando e refazendo até ficar satisfatório.
Um grande amigo, daqueles que mora há quase três mil quilômetros
e que sabe tudo da minha vida, me disse há poucos dias que sempre é possível recomeçar,
basta querermos. Eu, que estava em um surto por causa de escolhas que fiz, tive
que respirar fundo para entender a sua presença, recomeço, como necessária e me
apoiar nisso. São nas horas difíceis que percebemos que as escolhas são
necessárias para aprimorar atitudes e que recomeçar, nesse processo todo, é
fundamental.
Os relacionamentos também frequentemente necessitam de
um botão de “restart” e isso acontece em todo tipo de relação, seja ela de
amizade, amorosa ou, até mesmo, em família. Ao longo de experiências, no mínimo,
desagradáveis, pude ter a certeza que a sua presença era necessária por
mudanças de cada um. Às vezes, são essenciais aquelas desestruturações radicais
para que uma revolução aconteça e mude a situação – sempre para melhor, já que
se a mudança foi para pior, é necessário a habilidade de recomeçar o que foi
deixado para traz.
Assim, querido novo começo, quero sempre o seu ombro
amigo como apoio nos momentos difíceis. Grande parte do meu amadurecimento como
pessoa passou pelo estágio de que recomeços não são sinais de que não somos
competentes, mas são formas de nos mostrar o quão fortes somos para começar
tudo de novo, do zero. E, mesmo existindo aquele medo paralisante, é muito
gratificante entender que funcionamos como uma massinha de modelar: adequamos,
rapidamente, a situação e logo, o que era uma massa sem cor e forma, nos
tornamos em uma bela escultura – que pode, de novo, ser modelada e remodelada,
até achar o formato desejado.
Eu amooo seus textos toda semana é
ResponderExcluirUm melhor que o outro! ��
Ai Madu, muito obrigada! Sei nem como agradecer você, de vdd!
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