Não é uma carta, mas é mais íntimo do que isso. Algo que foi para um aula de ética virou um mantra para os dias difíceis (como está ultimamente).
Desnudar a alma
é difícil principalmente quando é para nós mesmos, por sermos ensinados uma
falsa humildade, e o orgulho é uma das consequências disso.
Por isso, hoje,
a coisa pela qual eu mais me orgulho é por ser livre. E não apenas livre como
garantem as leis, mas ser livre de mim, das amarras sociais, dos padrões
esdrúxulos, das relações tóxicas e do julgamento do outro em relação a mim e ao
meu corpo. Falando nisso, tenho muito orgulho da minha cicatriz: não foi feita
por mim, mas foi construída, com muito suor e em uma relação de amor e ódio,
por mim durante a vida toda; o que era um motivo de repulsa para mim hoje é,
acima do tudo, o que me faz ser quem sou.
Me orgulho da
minha coragem, que nunca me permitiu cair, mesmo que a vida tivesse me
empurrando com toda força.
Me orgulho de
cada trauma que superei, cada tropeço que levei e que me fizeram muito melhor e
mais forte.
Me orgulho da
minha força e da minha determinação.
Me orgulho de
ser a filha que sou, que, mesmo sendo a ovelha negra da família, tenho os
melhores pais e irmã do mundo e transbordamos amor.
Me orgulho da
amiga que sou e dos amigos verdadeiros que fiz.
Me orgulho de
hoje conseguir escrever e mostrar ao mundo – hiperbolicamente – pelo meu blog,
que é um projeto de amor e carinho em números binários.
Me orgulho por
ter chegado aqui, na medicina, mesmo pensando que não era pra mim.
Me orgulho por conseguir
chorar mesmo quando estou feliz e por me permitir ter sentimentos pelos outros
– mesmo que essas pessoas sejam completos estranhos.
Me orgulho por
ser declaradamente feminista e por não me importar mais com os olhares
desinformados daqueles que não concordam.
Me orgulho pela
minha culinária: é um motivo bobo, mas, pra mim, não existe forma maior de amor
do que aquele contido na comida.
Me orgulho de
cada batalha que venci, principalmente as internas; as vezes, o campo de guerra
é a cabeça de um ansioso e só ele entende o que é travar batalhas constantes e
intermináveis.
Me orgulho por
ter aprendido a me perdoar e a ter o pleno entendimento de que, mesmo querendo
abraçar o mundo, o mundo não irá me abraçar.
Por fim, me
orgulho de ser quem eu sou: entre tantos tombos, erros e acertos, nada me faria
me orgulhar mais do que eu ser o que sou.
E, no futuro,
espero me orgulhar de mim mesma profissionalmente, seguindo a linha de
pensamento que tenho hoje sobre o cuidar do outro e não da doença. Também,
quero me orgulhar por me permitir amar de novo uma pessoa e deixar ela entrar
para partilhar tudo o que a vida tenha para nos oferecer. Quero continuar me
orgulhando do que eu sou simplesmente por ser.
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