sábado, 1 de dezembro de 2018

Do que eu me orgulho


Não é uma carta, mas é mais íntimo do que isso. Algo que foi para um aula de ética virou um mantra para os dias difíceis (como está ultimamente).


Desnudar a alma é difícil principalmente quando é para nós mesmos, por sermos ensinados uma falsa humildade, e o orgulho é uma das consequências disso.

Por isso, hoje, a coisa pela qual eu mais me orgulho é por ser livre. E não apenas livre como garantem as leis, mas ser livre de mim, das amarras sociais, dos padrões esdrúxulos, das relações tóxicas e do julgamento do outro em relação a mim e ao meu corpo. Falando nisso, tenho muito orgulho da minha cicatriz: não foi feita por mim, mas foi construída, com muito suor e em uma relação de amor e ódio, por mim durante a vida toda; o que era um motivo de repulsa para mim hoje é, acima do tudo, o que me faz ser quem sou.

Me orgulho da minha coragem, que nunca me permitiu cair, mesmo que a vida tivesse me empurrando com toda força.

Me orgulho de cada trauma que superei, cada tropeço que levei e que me fizeram muito melhor e mais forte.

Me orgulho da minha força e da minha determinação.

Me orgulho de ser a filha que sou, que, mesmo sendo a ovelha negra da família, tenho os melhores pais e irmã do mundo e transbordamos amor.

Me orgulho da amiga que sou e dos amigos verdadeiros que fiz.

Me orgulho de hoje conseguir escrever e mostrar ao mundo – hiperbolicamente – pelo meu blog, que é um projeto de amor e carinho em números binários.

Me orgulho por ter chegado aqui, na medicina, mesmo pensando que não era pra mim.

Me orgulho por conseguir chorar mesmo quando estou feliz e por me permitir ter sentimentos pelos outros – mesmo que essas pessoas sejam completos estranhos.

Me orgulho por ser declaradamente feminista e por não me importar mais com os olhares desinformados daqueles que não concordam.

Me orgulho pela minha culinária: é um motivo bobo, mas, pra mim, não existe forma maior de amor do que aquele contido na comida.
Me orgulho de cada batalha que venci, principalmente as internas; as vezes, o campo de guerra é a cabeça de um ansioso e só ele entende o que é travar batalhas constantes e intermináveis.

Me orgulho por ter aprendido a me perdoar e a ter o pleno entendimento de que, mesmo querendo abraçar o mundo, o mundo não irá me abraçar.

Por fim, me orgulho de ser quem eu sou: entre tantos tombos, erros e acertos, nada me faria me orgulhar mais do que eu ser o que sou.

E, no futuro, espero me orgulhar de mim mesma profissionalmente, seguindo a linha de pensamento que tenho hoje sobre o cuidar do outro e não da doença. Também, quero me orgulhar por me permitir amar de novo uma pessoa e deixar ela entrar para partilhar tudo o que a vida tenha para nos oferecer. Quero continuar me orgulhando do que eu sou simplesmente por ser.

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